sexta-feira, 6 de setembro de 2013

"Só vai sobrar o vermelho!" novo documentário de Riccardo Migliore (em fase de produção)

"Só vai sobrar o vermelho" está sendo produzido entre as cidades de Campina Grande e João Pessoa (PB). 

 
O documentário, possivelmente um média ou longa-metragem, é inerente à situação da juventude afrodescendente na PB (CG e JP). O título tem duplo sentido, sendo que o fato de "só sobrar o vermelho" aponta para o desaparecimento do preto, outra cor da bandeira do Estado da Paraíba. Neste sentido, trata-se de um título forte, inclusive o vermelho também está ligado ao sangue que está sendo derramado por muitos jovens, em  grande maioria negros.

Daniel Santos, Artesão/Estudante do Projovem do Bairro do Jeremias (CG/PB)
Assista à matéria exibida no JPB 1a edição de quarta feira dia 9/10/2013. A reportagem da TV Paraíba também fala sobre o documentário Só vai sobrar o vermelho, embora focando na parte gravada no bairro do Jeremias. Desde já, agradecemos a TV Paraíba pela divulgação de nosso documentário cuja produção ainda encontra-se em andamento. Note que a matéria inclui depoimentos como o da aluna do Projovem Itamara, que também participa de nosso filme documental.

 
Dalmo da Silva (Fórum Paraibano de Promoção da Igualdade Racial)
 
A justificativa da urgência desta produção encontra-se nos dados oficiais contidos no "Mapa da Violência" (http://mapadaviolencia.org.br/) no que se refere ao estado nordestino, um dos recordistas negativos em escala nacional (quanto ao aumento do índice de mortes de jovens negros de 2006 até 2010: apenas para exemplificar, Campina Grande passou de 84 mortes de jovens negros para 196,9; enquanto no mesmo período as mortes de cidadãos brancos se reduziram de 74 para 11,4; Já Santa Rita passou de 28 para 229 jovens negros assassinados; enquanto as mortes de  jovens brancos passaram de 34 para 9,9). 

À esq. sentado de costas, o Tatalorixá Pai Vicente Mariano
e à dir. Riccardo Migliore (Diretor do filme)
filmando no terreiro, dia 21/9/2013. 

É útil salientar que nós nos alegramos com a redução de mortes de jovens brancos (o valor da vida não se mede pela cor da pele), contudo, o aumento consistente de mortes de jovens negros é alarmante e merece visibilidade e ações urgentes por parte de toda a sociedade, que em seu conjunto, sente-se refém, inclusive em suas próprias casas. 

William, historiador, é idealizador e coordenador de um projeto
de Biblioteca Comunitária no Bairro do Tambor (CG), além
de ensinar Capoeira às crianças do mesmo bairro.  

 
A produção do filme é nossa, em parceria com Ariosvalber Oliveira e Moises Alves(MNCG)Através deste documentário pretendemos chamar a atenção sobre esta situação ao mesmo tempo lamentável e assustadora.

Moises Alves e Ariosvalber Oliveira carregando uma faixa contra preconceito e racismo antes do jogo de futebol do Treze FC contra o Fortaleza,
no Estádio Presidente Vargas (22/9/'13).
Fotograma extraído da filmagem

Nossa postura não é complacente quanto aos que se envolvem no crime, inclusive buscamos mostrar e enfatizar exemplos de jovens bem sucedidos que venceram na vida e escaparam do triste destino que marca a maioria daqueles que se envolvem com as drogas e a delinquência. Contudo, é preciso entender que trata-se de uma situação complexa, que não pode ser reduzida a lugares comuns e leituras simplistas segundo as quais "os jovens negros se envolvem porque querem".

Pai Vicente Mariano, Tatalorixá do Terreiro da Estação Velha, CG/PB.
Desenvolve um trabalho social junto à comunidade carente do bairro (fotograma extraído das filmagens no terreiro)

Junto a moradores e moradoras de bairros periféricos violentos e outros  locais de risco, e com a ajuda de artistas e intelectuais afrodescendentes paraibanos, tentamos compreender melhor este "estado das coisas", cujos números em si espantam por se aproximarem àqueles de uma guerra civil e evidenciar o aumento da desigualdade racial, mas não explicam completamente (se bem que os números em si são bastante emblemáticos) as razões deste genocídio da juventude negra, por sinal, pouco divulgado pelos principais meios de comunicação e informação.

Professora Solange, assistente social e docente no
Projovem do bairro Jeremias (CG/PB)

Apesar da produção encontrar-se ainda em sua fase inicial, podemos destacar desde já de qual filme NÃO se trata: não estamos produzindo um documentário sensacionalista (cadáveres, pessoas morrendo, parentes chorando, com toda probabilidade não entrarão a fazer parte deste filme, isso por uma questão de respeito).

Riccardo Migliore (diretor do filme) junto com o cantor paraibano Jonas Escurinho, que aceitou participar deste documentário, trazendo sua
rica trajetória de vida e sua atividade de arte-educador, inclusive
em presídios para jovens infratores de João Pessoa (PB).

Concluindo, ao se tratar de um tema delicado e polêmico, não esperamos receber incentivos institucionais (que por sinal até agora nunca recebemos), portanto qualquer tipo de parceria ou apoio cultural, técnico e financeiro será muito bem vindo. Por enquanto contamos com o apoio de alguns artistas da terra, como Jonas Escurinho (JP), e o próprio Moises Alves (CG) além do Projovem do Jeremias (CG), o Terreiro do Tatalorixá Pai Vicente Mariano (Estação Velha/CG), o Projeto de Biblioteca comunitária do Tambor (CG), além do MNCG, do qual Moises e Ariosvalber fazem parte.  
  
Seguem algumas imagens de bastidores, sendo que outras informações serão postadas em breve.
 

De esquerda a direita: Moises Alves (Co-Produtor/Pesquisador), Daniel Santos (Depoente/Estudante do Projovem do Jeremias), Riccardo Migliore (Diretor/Produtor do filme), Ariosvalber (Co-Produtor/Pesquisador).
 


Biografia de Riccardo Migliore:



Nascido em Milão, Itália (1977), vive no Brasil desde 2004. Documentarista independente, recentemente foi premiado, melhor filme de média-metragem na 6a Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul (prêmio aquisição TV Brasil através da votação do público em 26 capitais estaduais + Brasília, DF) com o documentário "Barras e barreiras, retrato de Kelly Alves”.

 

http://www.cinedireitoshumanos.org.br/2012/rio_de_janeiro_premiados.php

 

Desde março de 2010 até abril 2013 prestou serviço como perito parecerista credenciado pelo Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual (SAv/MinC), analisando projetos culturais inerentes à área de produção cinematográfica, através do edital de credenciamento 2009.1, sendo que atualmente é bolsista de mestrado pela CAPES, estudando Comunicação (culturas midiáticas audiovisuais) no PPGC da UFPB. O projeto de pesquisa é sobre o uso da encenação no cinema não ficcional, com ênfase no documentário paraibano, do clássico “Aruanda” aos filmes independentes atuais.



Como realizador, dirigiu e produziu diversos documentários de baixo orçamento, selecionados em festivais nacionais ou internacionais de cinema como, entre outros: É tudo verdade/Festival Internacional de Documentários/Mostra Estado das Coisas (2011); Cineport – Festival Internacional de Cinema dos Países de Língua Portuguesa/Mostra Energisa (2007, 2011), In-Edit Brasil/Festival Internacional do Documentário Musical (2011), 6ª Rassegna Brasil Cinema Contemporaneo (Milão, Itália, 2011), Zanzibar International Film Festival (2007), Cinesul – Festival de Cinema da América do Sul/Bossas Musicais (2011), Mostra Internacional do filme etnográfico (2009/2011), Cine Documenta (2010, 2011), Festival Prêmio Roberto Rossellini (Itália, 2004), 2º Uranium Film Festival (Rio de Janeiro, Junho 2012).



Em Milão ele estudou Artes (Ensino médio no “Liceo Artístico I”) e Cinema (“CFP” e “Scuola del Cinema, TV e Nuovi Media – Fondazione Scuole Civiche di Milano”, 1997-98 e 2001-2003), estagiou em diversas produtoras e trabalhou como assistente de produção em alguns comerciais de alto custo da “Mercurio Cinematografica”.

Participou de oficinas de cinema com profissionais do cinema de nível internacional como: Gianfilippo Pedote, Gianni Squitieri, Bruno d’Annunzio, Renzo Rossellini, Mohammed Kalari, Yesim Ustaoglu, Marcélia Cartaxo, Ralf Tambke entre outr@s; E também ministrou oficinas de: introdução à fotografia, introdução ao cinema e introdução ao documentário (UFCG, 2008-2009).

Filmografia de Riccardo Migliore:

Filmografia realizada no Brasil desde 2005 (para maiores informações: www.onelovefilmes.blogspot.com) 1. Documentário “Nguso Ngana Abundo - negritude que beleza”, ano de 2005 (DV, cores, 43’) 2. Documentário "Ingá-Cheio d' água", ano de 2006 (DV, 25'); 3. Documentário "A bruxa da Flor de Ouro", ano de 2006 (DV, 42'); 4. Documentário “Cantou o galo e gemeu a ema”, ano de 2007 (DV, 24’); 5. Documentário “A casa louca”, ano de 2007 (DV, cores, 35’); 6. Documentário  “Bons auspícios, amor que engorda”, ano de 2008  (DV 15’);  7. Documentário "Talhado" de José Aderivaldo (*como Diretor de Fotografia e editor) - Revelando os Brasis III (set. 2008); 8. Documentário "A batida da Lua Nova" (DV, 15', 2009); 9. “Luzes de uma noite” (Ficção, HDV, 8', 2009). 10. Documentário “A cultura do Repente: uma vídeo-interação com os poetas populares de Campina Grande” (DV, 15’, 2010/PIBIAC-UFCG);  11. A chave da maré (Ficção, HDV, 15’, 2010); 12. De repente é poesia (documentário, DV, 52’, 2009/2010); 13. “Seu Cavaco, Dom Bandolim e o Choro de Mestre Duduta na Rainha da Borborema” (documentário, DV, 52', 2010-2011); 14. Barras e Barreiras, Retrato de Kelly Alves (documentário, HDV, 38', 2011). 15. “Era uma vez na cidade atômica” (documentário, DV, 13', 2011). 16. Documentário de longa-metragem "Aqui Vale Tudo" (DV, 2012, duração 71’49”). 17. Documentário “A entrada do Rojão” (DV, 2013, 19’53” min.).

Links com informações biográficas de Riccardo: